Sofia Barrocas, in Notícias Magazine (18 Mai 2008)
domingo, maio 18, 2008
O casamento é um compromisso dificílimo de manter numa sociedade em que tudo nos promete resultados ultra-rápidos, em que toda a mudança está ao alcance de um simples clique: mudamos de música, mudamos de filme, mudamos de canal, mudamos de nível, mudamos de interlocutor. Queremos sempre mais, e melhor, e diferente. Não temos paciência para esperar, para cultivar, para investir. E o casamento (ou a união de facto ou o juntar os trapinhos) não escapa a esta "síndroma da electrónica" - não temos paciência, mudamos de canal, saltamos de nível, vivemos outro filme. As separações, os divórcios, são hoje socialmente muito bem aceites e estão altamente facilitados do ponto de vista legal. Então, para quê esforçarmo-nos a construir relações às vezes tão difíceis se nem temos a certeza de que vão resultar? Casamo-nos com a garantia de que o amor é eterno enquanto dura mas que quando acabar podemos sempre partir para outra. Nem estamos preparados para perceber que quando o estado de paixão acaba alguma coisa vai preencher esse sentimento avassalador. Se a soubermos construir, claro. O casamento é muito parecido com os jogos de Lego. Temos de ir experimentando peça a peça, ver onde encaixa melhor e às vezes é preciso desmanchar quase tudo porque lá para trás ficou algum "buraco" em que só reparámos anos depois. Mas se investirmos a sério na nossa "construção" teremos a imensa recompensa de perceber que ela se tornou sólida, equilibrada, bonita... e cheia de amor.
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4 comentários:
Acho que o divórcio não é só algo de mau. Não é só sinal de que as pessoas não estão para se chatear, nem têm tempo para investir. Acho que também é algo de bom. Pode ser um fim de uma situação que ninguém deveria ser obrigado a aguentar.. Pode ser porque nada é imutável, as pessoas mudam, as situações mudam.. Pode ter sido um erro, porque não repará-lo?.. Ainda bem que agora são socialmente muito bem aceites. Acho que se aguentava coisas inaceitáveis, só porque o casamente era para a vida. Eu acho que as pessoas têm que pensar em si, no que é melhor para elas, e lutar por isso. Eu acredito no meio termo..
Concerteza, amiga! Eu não queria dizer que não concordo com o divórcio, porque de facto concordo. Mas, tal como tu, acredito no meio termo..
Cara Ita,
Como sabes já passei por tudo isso...alias ainda estou a passar e um amor que para mim era eterno deixou de o ser...as construções de legos são como minas...podemos ter uma frente de avanço com possança muito estável e grande mas de um momento para outro o teu avanço pode ser tapado com um arrasamento na parte de trás da tua frente de trabalho e ficares numa situação de difícil evacuação ou então a morte.
Antes de avançares para uma frente de avanço com uma grande possança estuda as tuas possibilidades de sucesso..
Não discordo do casamento..continuo a acreditar, não discordo do divorcio mas tem que se ter muita atenção com o primeiro passo, isto é, o casamento.
Mea Culpa.
Beijos.
Obrigada pela partilha, Toninho!
São demasiadas as variáveis que estão em causa numa relação a dois... Tantas que a transformam à partida numa coisa que é tudo menos simples. E nunca é possível, a priori, avaliar com segurança as probabilidades de sucesso, quanto mais não seja porque estamos sempre todos em mudança.
Contudo é bom saber que continuas a acreditar.
:)
Beijos.
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