Andei muitos dias em contagem decrescente.

Tinha-me fixado no dia de amanhã, como o dia. O dia que seria melhor do que os anteriores. Porque a intensidade profissional diminuiria (pelo menos um pouco), o que me permitiria ter um pouco mais de tempo. Um pouco mais de tempo para a Maria. Um pouco mais de tempo para mim. Um pouco mais de tempo para... sei lá...

Agora já não sei. Há sempre imprevistos. Sempre coisas que não controlamos. Ou que nos esquecemos de controlar, com tanto em que temos para pensar nesta altura do ano. Há dias em que fico com a cabeça em água. Prestes a não poder conter mais nada, sob pena de transbordar.

Hoje é afinal só mais um dia cansativo. Um dia de cabeça a transbordar. E amanhã, muito provavelmente, será mais um.

Só por isso, hoje fui afinal buscar a Maria mais cedo. Fui ao supermercado. Fomos brincar um bocadinho para a relva. É possível que ainda tenha de regressar ao trabalho. Mas isso já não me incomoda porque hoje fui afinal buscar a Maria mais cedo. E fomos brincar um bocadinho.