segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Sento-me.

De facto, a cadeira é confortável. Mas o lugar é horroroso. Vai começar. Vejo a agulha aproximar-se. Espeta de um lado. Espeta do outro. Sinto metade da boca a adormecer. Fica rígida, muito rígida. Espera cinco minutos e aproveita para ajustar a música que iremos ouvir. Prometo a mim mesma que serei forte. Nada de criancices. Começam a entrar instrumentos. Fecho os olhos. Prefiro não ver. Ouço brocas, aspiradores... Procuro concentrar-me na música.
“Abra um pouco mais a boca por favor. Só mais um bocadinho.” Sinto que vou sair dali com a boca deformada. Para além de adormecida.
Sinto dedos a deformarem-me a boca. Brocas... aspiradores... objectos em que não quero pensar. Tento abstrair-me. Concentrar-me na música.
Abro um pouco os olhos. A medo. Continua o entra e sai. Da boca deformada. É melhor manter os olhos fechados. Música, lembras-te?! Concentra-te!
De repente os barulhos terminam. E fica a música.
Sei que estou quase a sair dali. Começa a regressar alguma felicidade à minha boca deformada e adormecida.

So far so good" – Diz-me. Está a correr bem. Óptimo!
Sei que terei de regressar, mas agora estou mais tranquila. Acho que o pior já passou. E sei que posso sempre concentrar-me na música.

2 comentários:

Anónimo disse...

E comer um geladito a seguir...as melhoras.

ita disse...

Desta vez assim fiz. Foi a melhor parte. :)
E obrigada!