miúda (andaria na então preparatória) participei num programa da rádio local lá da terra, engendrado por um professor e vocalizado por um conjunto de alunos. Foi a partir da gravação de um desses programas que eu e os meus colegas ouvimos, pela primeira vez, a nossa própria voz. Recordo perfeitamente o espanto que cada um revelava ao ouvir a sua. Eu, tal como os outros, reconhecia todas as outras vozes na gravação, mas a minha, nem pensar, porque me soava estranhíssima. Ainda hoje me faz uma certa confusão saber que a voz que eu ouço ao falar, não é a mesma que os que os outros ouvem.
Por outro lado, pensar que a única forma de me observar é através de um espelho, onde não vejo o mesmo que os outros quando me olham, é, no mínimo, extraordinário.
A tudo o que tenho acesso é a uma imagem reflectida: um sinal na cara do lado direito, aparece à minha frente no espelho do lado direito, enquanto os outros o vêem do seu lado esquerdo. Nunca consigo ver o que os outros olham em mim.
Aparentemente não nos conhecemos bem, nem mesmo fisicamente. O que falar então do que nos vai dentro. Não raras vezes não nos compreendemos, não sabemos porque reagimos de determinada forma, porque nos irritamos ou ficamos alegres...
Será que os que me rodeiam me conhecem melhor que eu?
Ou, como vou ter pretensões de compreender o outro se nem me compreendo a mim?
Paradoxal, não?
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1 comentário:
E, de repente, sentí-me muito pacífica para comigo!.. Pensava que todos os outros se compreendiam!.. Obrigada Ita!
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